Amigos,
As pesquisas com neurociências vem
avançando muito. Estudos de neuro-imagem, ressonância magnética, são recentes.
E os dados das pesquisas sobre o desenvolvimento cerebral ainda estão
evoluindo.
Ao nascer, o ser humano já nasce com
uma quantidade de neurônios maior do que quando terá em uma idade adulta. Até
os 2 anos de vida, atingimos nossa capacidade máxima de densidade neuronal no
lobo frontal, depois ela vai diminuindo.
A redução no número de sinapses no lobo frontal pode representar um
“refinamento qualitativo” na capacidade funcional dos neurônios.
Porém, o importante é o que acontece
com os neurônios neste momento: suas conexões, o crescimento da arborização
(dendritos) e suas ligações axônicas. Posteriormente, com a conexão de
neurônios mais distantes fisicamente entre si, a mielinização.
Esta fase importantíssima é a do seu
desenvolvimento, da linguagem, do sistema motor. As interferências Culturais e Ambientais
estão diretamente ligadas ao comportamento. Uma boa alimentação, um bom ambiente
familiar, mas também estímulos cognitivos são fatores determinantes.
O período de maior desenvolvimento
das Funções Executivas, aquelas responsáveis por planejamento, inibição,
flexibilidade e a memória de trabalho está entre os 6 e 8 anos de idade. Aos 10
anos elas já conseguem atingir o nível dos adultos quanto a performance em
testes (Wisconsin), mas no teste de fluência verbal só o conseguem aos 17, 18
anos. Aos 14 anos os lobos frontais se desenvolvem de forma estável até os 45
anos, mas ainda em pleno desenvolvimento!
O desenvolvimento da linguagem
participa em muitos processos mentais elevados, como o do planejamento,
resolução de problemas, abstração. A linguagem será a grande intermediadora nas
habilidades cognitivas.
Estimular a criança no desenvolvimento
dessas Funções Executivas (FE) é o alvo que devemos prestar atenção. Muitos trabalhos estão sendo feitos em
estimular as FE, e uma das ferramentas importantes é o Xadrez.
Se formos pensar a respeito,
planejamento e flexibilidade, a inibição de nossos impulsos em fazer jogadas
precipitadas e a enorme utilização de nossa memória de trabalho para a
“visualização” e a comparação de inúmeras variantes são essenciais para se
jogar bem Xadrez. Recomendo a leitura do livro “Uma Questão de Caráter”, de
Paul Tough, que traz um capítulo inteiro sobre o uso do Xadrez nas escolas dos
Estados Unidos.
A plasticidade do cérebro, ou seja, a
sua capacidade de se modificar e reorganizar, é para a vida toda.
Desenvolvimento e Maturação; Aprendizado e Memória; Reabilitação Neuropsicológica
devido a lesões; em todos estes casos, é possível utilizarmos da ferramenta
Xadrez, desde que se tenha um objetivo a ser alcançado e usá-lo de maneira
adequada, estimulando de forma positiva com experiências enriquecedoras.
Quando temos que tomar decisões,
criar vínculos, empatia, inibir a satisfação imediata das nossas vontades,
estamos falando das Funções Executivas “quentes”, aquelas que envolvem as
emoções (lobo frontal conectado com o núcleo caudado e amigdala), onde as
consequências das decisões que tomamos aparecem. No jogo de xadrez, as
consequências de nossas decisões aparecem ao final da partida; decisões tomadas
sem uma análise cuidadosa podem gerar a perda da partida, deixando o jogador
frustrado.
Treinar uma criança com problemas de
xeque-mate em 1 lance, por exemplo, estamos exercitando puramente o cognitivo,
a análise, a busca, a flexibilização de ideias. Porém, quando se joga uma
partida e se coloca em prática o que se aprende, é posta à prova as emoções, as
decisões influenciadas por sentimentos. As consequências não demoram à
acontecer!
Vou continuar com o tema Reabilitação
Cognitiva no próximo post.
Até lá!
Parabéns! Excelente matéria, tomara que a segunda parte não demore. Abraço.
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