quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Everaldo: Justa Homenagem


Amigos,


Antes de tudo quero pedir desculpas pelas poucas postagens durante o ano de 2010. Eu gostaria de contar muitas coisas, ainda estou na metade sobre a história do vídeo “Uma Aventura no Reino do Xadrez”, fui pouco a torneios e onde estava presente, como no último Aberto do Brasil Itaipu Binacional, fiquei apenas organizando, e ainda hoje tenho trabalho a cumprir sobre o evento.

Fazer parte da diretoria do CXC não é fácil, é uma tarefa que exige muito esforço e dedicação, às vezes deixamos de lado a nossa família, nosso ganha pão.

Não deixa de ser um trabalho gratificante, ainda mais quando vemos que ele dá bons resultados. Quem diria, dois Abertos do Brasil em seguida! Quem no Brasil conseguiu isso? Acyr e diretoria estão de parabéns em recuperar o clube. Daqui pra frente as exigências vão ser maiores. O trabalho duplica, os questionamentos aumentam, a responsabilidade e o peso nos ombros começam a nos envergar!

Uma das boas coisas que aconteceram no xadrez brasileiro este ano foram os novos títulos de Grande Mestre, em especial o que está chegando agora, no fechar das portas de 2010: Everaldo Matsuura!

O Everaldo é um dos jogadores mais assíduos em torneios no Brasil, principalmente em Curitiba. Jogador calmo, equilibrado, sempre simpático e atencioso com todos com quem conversa. Muito ponderado, acaba não tendo inimigos. Padrão dos Matsuura, como é o caso do irmão Frederico, boa praça.

Pela luta que teve o Everaldo durante todos estes anos de profissional do Xadrez, pela sua postura com os adversários, eis aqui uma mais que justa homenagem, de um personagem exemplar dentro de uma profissão onde tantos são vaidosos e muitas vezes arrogantes, um Grande Mestre exemplo para as novas gerações.



Saudações a todos.

3 comentários:

  1. Parabéns ao Everaldo. Foi meu algoz durante um longo tempo. Uma das vantagens de se abandonar o jogo é sentir que de uma forma ou de outra, os algozes lhe abandonam também. Primeiro você para de perder para eles, depois os pesadelos constantes rareiam até se transformar em suaves rastros no mar.

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  2. Poético mesmo foi esse comentário de Aron Corrêa.

    Por sinal, vou aproveitar a deixa e deixar aqui um depoimento sobre uma partida do Everaldo -- espero que o Aron não se chateie com isso.

    Foi em 1993, quando aconteceu em Curitiba o sexagésimo quarto (64!) congresso da FIDE. Kasparov acabara de largar a entidade pra jogar o match contra Short. Apesar (e muito além) disso, muitas coisas exnxadrísticas legais aconteceram naquele congresso, dentre as quais um grande torneio, sobre o qual o Índião (Adwilhans Souza) comentava: "esse torneio tem muito cacique pra pouco índio!".

    Numa das rodadas, eu me vi acompanhando uma partida interessante: Everaldo x Aron. Acho que foi intuição e sorte de minha parte, porque eu compreendia pouco ou quase nada das outras partidas, mas naquela ali percebi o ataque sendo organizado pelas brancas (Everaldo mostrava na prática a essência do atleta enxadrista: concentração máxima e nenhum desperdício de energia - nenhum tique, nenhuma careta, não apoiava a cabeça nas mãos naquela atitude de "ombros que suportam o mundo") --
    fiquei observando a partida, e então Everaldo iniciou o arremate do ataque, sacrificando um bispo "na fuça do rei negro" (minha expressão, perdoem a deselegância).
    Acho que foi logo a seguir que, sem aceitar o sacrifício e pagar pra ver, Aron abandonou (elegantemente), e mostrou um lance anterior que poderia ter segurado melhor a posição (desenvolvendo um bispo e conectando as torres).

    Depois de breves análises, Everaldo levantou-se e cumprimentei-o. Ele disse: "obrigado", e eu respondi: "eu é que agradeço, por fazer uma partida que consegui entender" - realmente, eu fui meio infeliz no elogio...

    No entanto, agora faço minhas as palavras do Léo: Everaldo é um jogador exemplar. Certamente todos os que conhecem o xadrez brasileiro estão contentes por ele ter obtido o título de GM, na minha opinião a mais significativa honraria possível a um jogador de xadrez.

    Partidas e torneios se ganham e se perdem, e até mesmo um título mundial pode ser perdido, ou pouco reconhecido, e às vezes até mesmo desconsiderado ou subestimado.

    Mas o título de Grande Mestre Internacional é vitalício, intransferível e inegociável, e consagra a dedicação e o brilhantismo do enxadrista Everaldo Matsuura.

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  3. Já que devemos [ou não] postar uma passagem que tivemos com o Everaldo, lembro de uma em Campos, RJ, onde ele estava emparceirado com um jogador [bom, por sinal]e o mesmo chegou muito atrasado. Este revoltou-se com a arbitragem, dizendo-se injustiçado e jogou peças, tabuleiro, tudo, ao chão. O nosso amigo Matsura, com a tranquilidade propria dele, recuperou e rearrumou peças e tabuleiros e informou ao adversário e ao árbitro, que jogaria com tempos iguais, e massacrou o adversário, com aquele seu jeito simples e tranquilo de acionar o relógio. Matsura é um icone do xadrez brasileiro!!!!

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