sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Estimulação Cognitiva II


A Estimulação Cognitiva com o jogo de xadrez é um processo que acontece naturalmente.
Vejamos: enquanto se disputa uma partida, a nossa atenção se envolve em resolver os inúmeros problemas que surgem a cada lance do jogo. Nossa visão percorre o tabuleiro buscando as movimentações das peças. O raciocínio lógico é ativado para que o lance seja coerente, ou seja, o movimento da peça dentro das regras estabelecidas. O raciocínio abstrato também entra em cena, pois temos que imaginar o lance, a posição final após o nosso movimento, e as possíveis reações do nosso adversário.
A memória de trabalho (working memory) é super ativada; muita da nossa energia é aplicada ao jogo. O desgaste deste trabalho árduo do nosso cérebro traz, por consequência, cansaço. Talvez seja por isso que muitas pessoas considerem o xadrez um jogo difícil, por saberem (e já terem experimentado) este desgaste.
Continuar com a estimulação, digamos, uma hora por dia, já é um treino excelente para as nossas funções cognitivas e, portanto, trazem um benefício enorme para a nossa saúde mental!
Aliás, saber um pouco mais de saúde mental e como um profissional pode ajudar a beneficiar o nosso cérebro, pode ser pesquisado neste link:

Eu recomendo fortemente uma leitura atenta, que também é uma grande estimulação cognitiva!

Xadrez é Poesia!

XADREZ
Jorge Luis Borges

I

Em seu grave e longínquo lugar, os jogadores
regem as lentas peças. O tabuleiro
os detém até a aurora em seu severo
âmbito, onde se odeiam duas cores.

De dentro irradiam mágicos rigores.
As formas: Torre homérica, ligeiro
Cavalo, armada Dama, derradeiro Rei
oblíquo Bispo e Peões agressivos.

Quando os jogadores houverem ido,
Quando o tempo os haver consumido,
Certamente não haverá cessado o rito.

No Oriente se iniciou esta guerra
cujo anfiteatro é hoje toda a terra.
Como no outro, este jogo é infinito.

II

Tênue Rei, enviesado Bispo, encarniçada
Dama, Torre direta e Peão ladino
sobre o negro e o branco do caminho
buscam e travam sua batalha armada.

Não sabem que a mão assinalada
do jogador governa seu destino.
Não sabem que um rigor adamantino
sujeita seu arbítrio e a sua jornada.

Também o jogador é prisioneiro
(a sentença é de Omar*) de outro tabuleiro
de negras noites e de brancos dias.

Deus move o jogador, e este a peça.
Que Deus atrás de Deus a trama começa
de pó e tempo e sonho e agonias?

*Omar Khayyamm