domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dinheiro e Trabalho

Amigos libertários,

Para entender bem o que vou escrever abaixo, sugiro ler primeiro o blog da Lola. Me chamou atenção a polêmica nos comentários do post "Devendo Notícias".
A Lola jogou lá no Clube de Xadrez de São Paulo no início dos anos 90 e hoje é casada com o Silvio Cunha. Para quem não sabe, eles estavam morando em Joinville e se mudaram para Fortaleza, ela passou no concurso público de professora da Universidade Federal.
De cara precisou de assistência médica, e descobriu a dura realidade do nordeste brasileiro, a inadequada prestação de serviços de saúde, além é claro, dos inúmeros pedintes Início da discussão: baixos salários, poucos profissionais da área da saúde.
Quem ganha bem no Brasil? Médicos, advogados, engenheiros. Eu incluiria, em um patamar um pouco mais baixo, profissionais de informática. Professores de xadrez? Devem estar num dos degraus mais baixos das profissões ... eles existem?
Nos comentários a discussão foi de alto nível. Muitos argumentos bem fundamentados. Mas fiquei com uma vontade enorme de expor minha opinião. Como ela é um pouco longa, preferi ter mais espaço aqui no meu blog.
Eu trabalhei muito tempo como analista de sistemas, e de vez em quando ainda tenho minhas recaídas. É um trabalho que exige muita atenção, raciocínio lógico, tecnicas de programação e linguagem de computador. E quando se está no sistema financeiro - a informática está em todos os ramos da sociedade - a pressão por resultados é enorme. Quantas vezes fui acordado de madrugada para resolver problemas intrincados, ou mesmo nem dormi, acompanhando processamentos cheio de falhas? Ou quantas mesquinharias, canalhices, desaforos e, como diria meu amigo Diniz, humilhações, passamos com um único objetivo: ganhar dinheiro.
Acredito que em qualquer profissão voce possa se dedicar e ganhar dinheiro. Pelo menos o suficiente para atender suas reais necessidades e levar uma vida feliz.
Hoje eu digo que não existe nada melhor do que voce poder chegar em casa, por a cabeça no travesseiro e dormir tranquilo.
Acredito que o trabalho deva nos dar motivo para levantar da cama com alegria e sabendo estar realizando alguma coisa que vaí beneficiar a sociedade como um todo.
Como professor de xadrez, acredito estar podendo proporcionar o prazer em descobrir, em pensar, em saber analisar, refletir e antever as consequencias de nossos atos. Acredito mesmo nos benefícios que traz o aprendizado do jogo de xadrez para as crianças. Se elas vão ou não ser campeões, isto é o que menos importa.
Torço para que a Lola e o Silvio possam realizar um excelente trabalho lá no Ceará! Tenho certeza de que o fruto desse trabalho será bem saboroso!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma Aventura no Reino do Xadrez - Parte IV

 
O primeiro dos grandes desafios técnicos para a realização do vídeo era a parte do desenho animado, que conta a lenda da origem do jogo de xadrez.

Imaginem, Curitiba 1997, fazer uma animação, mesmo que curta (cinco minutos). Onde conseguiríamos um estúdio com a qualidade necessária? Claro, já havíamos feito um orçamento. Porém, quando fomos conversar com o desenhista, tivemos uma decepção. A Silvana queria que o resultado fosse parecido tecnicamente com uma aquarela. O nosso desenhista ficou bem preocupado, ele não tinha a menor ideia de como realizar a animação, ainda mais com todos aqueles detalhes!

Fiquei alguns dias atordoado, muito chateado mesmo, pois era uma das partes mais importante do vídeo, onde os personagens deixariam de ser de carne e osso para se transformarem em desenhos animados! Era o trecho projetado para atender diretamente o nosso público alvo, atingir em cheio a criançada.

No meio da minha angustia, um dos amigos do Clube de Xadrez "Erbo Stenzel", o Artur Monteiro, enxadrista morando atualmente em Campo Mourão/PR, veio conversar comigo no local onde eu trabalhava à época. Eu contei a ele da dificuldade que estávamos tendo de encontrar algum estúdio que fizesse o desenho animado. Pois não é que o Artur virou pra mim e disse, "por quê você não conversa com o meu primo?". Bem, nem precisa dizer que fiz uma cara de desprezo, dizendo, "e quem é o seu primo????"

Pois o primo do Artur, Luciano Lagares, fez com que meu ânimo voltasse. Fui com outro cineasta paranaense, o Paulo Munhoz, conversar com o Lagares. Este nos mostrou seus trabalhos e eu os levei até a Silvana, que o aprovou imediatamente! A produtora dele foi contratada, aceitaram o valor que o projeto dispunha para a realização, isso depois de uma enorme negociação. Disse a ele que a concretização do desenho animado poderia retribuir com uma ampla divulgação da empresa dele, a hoje "Open The Door". Dito e feito, o Luciano foi convidado para entrevistas na TV Educativa/PR, além de outras divulgações na mídia. Tenho até hoje o Story Board e fotos da produção à época. Foi feito também um making off, ainda original.

A dublagem do desenho animado foi um capítulo à parte, contarei mais pra frente.



terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Reportagem de 1997

Inédito! Quando começamos a produzir o vídeo "Uma Aventura no Reino do Xadrez" em 1997, nos dias da filmagem da partida "ao vivo", em pleno sábado e domingo de carnaval (nada mais apropriado, devido às fantasias), a reportagem da Globo/PR veio ver o que estávamos realizando.
Foi uma excelente matéria, exibida no jornal local, na hora do almoço. Muita gente me ligou dizendo que tinha me visto na TV! Muitos deles sequer eu conhecia.
Para quem tinha curiosidade de conhecer um pouco dos bastidores das gravações, trata-se de um pedacinho do "making off" que ainda estamos devendo. 
Bem, sem mais confetes e serpentinas ... bom divertimento!



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Uma Aventura no Reino do Xadrez - Parte III

Quando a diretora e roteirista, Silvana Corona, saiu com o projeto debaixo do braço, contratando a equipe técnica, jamais podia imaginar que logo nos primeiros dias, na hora do almoço, ia conseguir fazer contato com uma pessoa que seria o futuro figurinista do filme.
Ela parou num restaurante árabe na rua XV de Novembro, por coincidência bem na frente da sede do Clube de Xadrez de Curitiba. Deixou a papelada do projeto em cima do balcão para poder fazer o pedido. O rapaz que estava ao lado na fila, bateu o olho no documento e percebeu que se tratava de um projeto cultural de um vídeo e puxou papo.

A Silvana estava justamente iniciando a procura de alguém que conseguisse desenhar os figurinos do que seria a partida de xadrez "ao vivo", ou seja, com as peças em carne, osso e fantasia.
Começaram a conversa e o rapaz se apresentou: havia recém chegado da Alemanha, onde fez trabalhos com peças de teatro e estava à procura de emprego.
A entrevista foi agendada e o portfolio do Luciano Buchman, que depois foi trabalhar na Fundação Cultural de Curitiba com aulas de artes, foi contratado. Os desenhos dos figurinos que ele apresentou foram muito bons, conseguindo captar o espírito do que a Silvana queria para a cena. O Luciano por sua vez se encarregou de contratar o "Do Avesso Estúdio" que fabricou as fantasias.
Muito tempo depois da estréia do vídeo, uma professora de Pato Branco/PR nos procurou, dizendo que usava a nossa fita (na época VHS) nas suas aulas de xadrez e nos perguntou sobre as fantasias usadas no filme. Um dos lugares que primeiro comprou o vídeo tinha sido justamente a Prefeitura de Pato Branco, e ao pedido de que doássemos as fantasias a eles, não pensei duas vezes em disponibilizá-las.
Tenho certeza de que o destino daquelas fantasias, em apresentações de partidas "ao vivo" representaram muito para o desenvolvimento e divulgação do xadrez naquela cidade. Numa das vezes que fui até Pato Branco, entrei na biblioteca ao lado do teatro da cidade e lá estava uma placa de "sala de xadrez".