quinta-feira, 22 de abril de 2010

Uma Avalanche que não caiu e um Tributo

Amigos,

Acho que eu estava a tanto tempo sem postar nada, que esqueci até do título quando falei sobre a minha palestra no CXC. Que vergonha!

A palestra repercutiu muito bem. Afinal, é fácil falar quando temos um ótimo livro como o do Smyslov e o do Kasparov.

Em breve farei no CXC um concurso cultural, que distribuirá como primeiro premio um livro autografado do Mestre Internacional Helder Câmara, "Caíssa". Um excelente livro, com 64 crônicas, uma para cada casa do tabuleiro ...
Como premios adicionais, darei o dvd "Uma Aventura no Reino do Xadrez", e talvez algum outro brinde como incentivo.

Enquanto isto, gostaria de adicionar os vídeos que foram gravados na palestra, como pequena amostra do nosso trabalho no CXC.









terça-feira, 20 de abril de 2010

II Noite Árabe no CXC

Amigos,

No último sábado, 17/04/2010, tivemos mais uma noite de festa no Clube de Xadrez de Curitiba. Foi a Noite Árabe, patrocinada pelo Baba Salim, do amigo Jamal.

Quem visitou a página do CXC pode ver em vídeos e fotos o imenso sucesso do evento.

Não era xadrez, não. Era mesmo um jantar com a "Dança do Ventre", para confraternização dos sócios, angariação de fundos e mais publicidade para o clube.

São eventos como este que demonstram o trabalho que a atual diretoria, encabeçada pelo Acyr Calçado, vem fazendo em prol do xadrez paranaense. Trabalho, esforço, ideal!


sábado, 17 de abril de 2010

Olá Amigos,

Devo pedir desculpas pela falta de postagens! Muito trabalho nestes dias interromperam meus textos. Porém, prometo restabelecer contato com mais frequencia!

Por enquanto, segue a palestra que ministrei no CXC em 14/04/2010:

“Uma Avalanche que não caiu e um Tributo”


Clube de Xadrez de Curitiba, 14/04/2010

“A Avalanche que não caiu”
Na palestra do amigo Henrique Marinho, que versou sobre o tema da “Avalanche de Peões Centrais em Campo Aberto”, da qual gostei muito, fiquei surpreso com a facilidade que os peões decidiam o jogo, pouco importando o material perdido em algumas posições.

Pensando no tema da minha palestra, poucos dias depois, eis que me defronto, com surpresa, com a “avalanche” abaixo:

Anderssen (1846)


1.De1!, fxe1=D; 2.Td4, d1=D; 3.Ta4+, Bxa4; 4.b4+, Dxb4; 5.axb4++


“Tributo”

Eu gostaria de deixar aqui meu tributo ao ex-campeão mundial, Vassily Smyslov, que faleceu recentemente, após completar 89 anos.

O livro “Partidas Selecionadas”, com tradução do General Ayrton Tourinho, foi marcante na vida de muitos enxadristas brasileiros, por conter muita qualidade e grandes ensinamentos, que influenciou toda uma geração.

Foram muitas as partidas deste livro que me deixaram forte impressão, e hoje compreendo como ele se incorporou aos meus pensamentos.

A meu ver, Smyslov tem um estilo muito parecido com o de Capablanca, um xadrez com lances simples, mas uma visão estratégica muito profunda e incomum, solucionando problemas táticos com muita intuição.

Como Capablanca, Smyslov foi um ótimo finalista, o que diferencia o seu estilo de jogo; partidas tranqüilas que se encaminham para finais resolvidos sempre com muita técnica.

Smyslov (1976)


Uma possibilidade para as negras é a linha: 1.Bb4, Rd3 (1. ..., Rxb4; 2.f7); 2.Re1, f3!; 3.gxf3, e2; 4.f7, Bf4 e Bg3++. Outra alternativa, 1.Be1, Rd3; 2.Bxh4, Rd2; 3.Be1+, Rd1; 4.f7, Ba3; 5.Bc3, Bc5! e ...6.e2++

1.f7, Ba3; 2.Bg7, f3!; 3.gxf3

(Não 3.f8=D Bxf8; 4.Bxf8, e2+; 5.Rf2, fxg2! e coroam).

3. ..., Rd3; 4.f8=B!!

(promover uma dama permitiria 4. ..., e2+; 5.Rf2, Bc5+!; 6.Dxc5, e1=D+; 7.Rxe1 – afogado!)

4. ..., e2+

(o bispo extra joga seu papel em caso de 4. ..., Bc1; 5.Bh6, Bd2; 6.Rg2, Be1; 7.Bc5, e2; Bf2 ganhando).

5.Rf2, e1=D+!; 6.Rxe1, Re3; 7.f4!, Rxf4; 8.Rf2, Bc1; 9.Bh6+ e as brancas vencem.


Smyslov,Vassily - Reshevsky,Samuel Herman [C82]

USA-URS radio m Soviet Union (1), 1945

1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Ab5 a6 4.Aa4 Cf6 5.0–0 Cxe4 (Reshevsky esperava que o velho plano de ataque, que ele havia preparado para o encontro, não fosse suficientemente familiar para o seu adversário – V. S.) 6.d4 b5 7.Ab3 d5 8.dxe5 Ae6 9.c3 Ac5 10.Cbd2 0–0 11.Ac2 f5 12.Cb3 Ab6 13.Cbd4 Cxd4 14.Cxd4 Axd4 15.cxd4 f4 16.f3 Cg3 (conclusão lógica dentro da idéia da abertura escolhida. Não muito antes do encontro pelo rádio URSS x EUA, esta posição ocorreu em duas partidas de Boleslavsky, contra Ragosin e Botvinnik e suscitou grande interesse entre os enxadristas da URSS – G. K.) 17.hxg3 fxg3 18.Dd3! Af5 19.Dxf5! (belo e inesperado sacrifício, que diferencia um Grande Mestre de um amador – Valério Andrade) Txf5 20.Axf5 Dh4 21.Ah3 Dxd4+ 22.Rh1 Dxe5 23.Ad2




“Chegou-se a uma posição muito interessante. As pretas têm uma dama por torre e dois bispos, e em breve se formará uma avalanche de peões pretos na ala da dama. Quem tem as melhores chances na complicada batalha que se aproxima é uma pergunta que ainda espera uma resposta definitiva” (Smyslov). Lamentavelmente, tenho a impressão de que a variante é evitada por ambos os lados hoje em dia. Por instinto, acho que as brancas devem estar melhores, embora o computador confira uma vantagem gigantesca para as pretas. Em geral, a situação é pouco clara, mas jogar com as brancas é mais interessante: existe a possibilidade de atacar (Kasparov).

No livro “Partidas Selecionadas de Smyslov”, a tradução do Ayrton Tourinho é um pouco diferente. Smyslov consideraria conclusivas as variantes que se seguiam nesta partida, em favor das brancas.

(Boleslavsky x Botvinnik, 1943)


Bf8! , com mate inevitável com Th6!!

Dxb2 (incrível! Nessa altura, quando Reshevsky está com quatro peões de vantagem, quem apostaria em Smyslov? – V. A.) 24.Af4 c5? (com isto as pretas “esquecem” de seu peão dama; segundo Kasparov o avanço do peão dama – d4-d3-d2 era o correto. A diferença é que com este avanço, as brancas não conseguiriam uma rede de mate para o rei preto) 25.Ae6+ Rh8 (enquanto Smyslov utilizou apenas 6 minutos de seu tempo, até aqui, Reshevsky já entrou no “apuro” - G.K.) 26.Axd5 Td8 27.Tad1 c4 28.Axg3 c3 29.Ae5! (os bispos cumprem uma função dupla: apontam para o rei inimigo e “olham” para trás, freando os peões – G.K.) b4 30.Ab3 Td2! 31.f4! h5 32.Tb1 Tf2! 33.Tfe1 Dd2 34.Tbd1 Db2 35.Td8+ Rh7 36.Ag8+ Rg6 37.Td6+ Rf5 38.Ae6+ Rg6 39.Ad5+ Rh7 40.Ae4+ Rg8 41.Ag6! 1–0

“Tributo 2”, por Henrique Marinho



24.Cf5!

"Sacrifício de peça típico da posição. Aconselha-se às brancas esquecerem momentâneamente o desejo de recuperar a peça e aumentarem gradativamente a potência do ataque. Não se deve aqui calcular (grifo) profundas combinações, mas confiar (grifo) numa apreciação da posição baseada em princípios gerais".

Bibliografia:

Partidas Selecionadas de V.V. Smyslov, Ibrasa, 5ª Edição, 1978, tradução de Ayrton Tourinho

Meus Grandes Predecessores Vol 2, Kasparov, Editora Solis, 1ª Edição, 2005, tradução de Giovanni Vescovi

El Verdadero Valor de Las Piezas, Andrew Soltis, Editora Tutor, 2008, tradução de Antonio Guide

Revista Manchete, coluna de Valério Andrade, “Partidas Inesquecíveis, nº.38”

Abraços!