quinta-feira, 10 de junho de 2010

Um pouco mais de Sófia

Alo Amigos,

Na postagem anterior esqueci de dizer uma cena que me despertou grande curiosidade: eu estava esperando o meu amigo, Dimitar, sair de reunião com o ministro das energias, lá da Bulgária. Fiquei aguardando bem na frente do prédio. Um prédio velho, mal conservado (pelo menos por fora, como descobri com todos os outros imóveis que vi). Estávamos eu e os motoristas, do ministro, do Dimitar, e mais os seguranças do ministério, todos ali fora, numa rua estreita. O estacionamento do prédio era pequeno (não existem vagas subterrâneas ou cobertas, não!). Foi quando passou um casal, cada qual empurrando um carrinho de bebê com seus "passageiros". Pararam bem na porta do ministério, e sem a menor preocupação, trocaram as fraldas dos pimpolhos ali mesmo. Os motoristas e seguranças conversavam abertamente (pelo que consegui entender, sobre carros, os melhores, mais confortáveis, mecânica, etc). Falavam alto, muito espontâneamente emitiam suas calorosas opiniões. Imaginei que no Brasil estes caras já estariam demitidos por mal comportamento ... foi quando um carro que passava pela rua, e que não deu a vez para outro que saia do ministério, sofreu uma leve "fechada". Indignado o condutor berrou para o motorista do luxuoso carro oficial, com certeza não com palavras doces ... Que coisa! Ofender uma autoridade, pensei! E houve mais esbravejamentos dos meus colegas para o "pacato" carro lá de fora. Enquanto isto, os bebês já estavam sequinhos e arrumadinhos para continuar o seu passeio vesperal ...
Outra cena "non sense" eram aqueles velhos bondes e onibus elétricos circulando pelas ruas centrais. Meu pai contava dos bondes que existiam em São Paulo, na metade do século passado.
A Rossi, esposa do Dimitar, depois de sairmos de um Shopping, novinho em folha lá de Sófia, se no Brasil haviam semelhante conjunto de lojas ... o Dimitar respondeu à ela: "há muito tempo ...". Pensei, eles acham que moramos na selva, rsrsrsrsrsrsrs. E aqueles bondes???
Outra recordação muito boa é quando eu dizia para as pessoas com quem tive que conversar (comerciantes), que eu era brasileiro. Todos olhavam para mim com mais atenção e curiosidade, sempre abrindo um sorriso largo e singelo. Me pareceu que vinha à mente das pessoas pensamentos bons! De qualquer forma, me fizeram me sentir muito bem!
Eu tinha muito medo da comida, talvez estranha, talvez muito "pesada", gordurosa ... nem tanto!
Também teve um dia, quando eu andava por uma das ruas centrais, que um cara que passou ao meu lado e me perguntou alguma coisa naquela língua maluca. Surpreso, perguntei, "o quê??", e logo lembrei que eu deveria ter tentado algo em ingles, "what??". Aí o cara perguntou em ingles, "what time is it??", e eu mostrei a ele o meu relógio, ainda muito surpreso e desconfiado ... o cara, bem vestido, caminhou um pouco mais à frente, parou, me olhou, e tirou um cartão do bolso, dizendo que eu poderia entrar em contato quando quisesse, que ele me ajudaria,  e eu, sem olhar o cartão, disse que já estava voltando da Bulgária, e ele insistiu, dizendo que era possível ainda à noite ... e foi embora. Parei, olhei o cartão que dizia, "as mais belas acompanhantes, 1 hora, 50 euros". Como é que pode? Estes caras reconhecem estrangeiros em qualquer lugar, he, he...
Acho que foi neste dia, eu entrei numa igrejinha russa. Fiquei observando o estilo arquitetônico, o silencio, as pessoas (na esmagadora maioria, mulheres), entrando e acendendo uma vela, rezavam por um minuto, e iam embora. Eu sentei numa das poucas cadeiras que ali haviam, pouco atrás de uma senhora com fisionomia muito triste à minha frente. Fiquei ali um tempo, tentando entender, sentir aquela atmosfera silenciosa e contemplativa. Comecei a me sentir mal. Aquele ambiente não era pra mim, definitivamente! Saí rapidamente à rua, querendo respirar ...
Só vi dois pedintes na rua. Uma senhora bem velhinha e um rapaz que me parecia mais um desajustado. Um ou outro transeunte lhes concediam uma moeda ... Perguntei ao Dimitar, não tem miseráveis em Sófia? Gente dormindo nas ruas? Ele me disse, "tem sim, tá cheio, a gente não vê porque eles vão dormir nas florestas ..."; ah é??
O interesse do Dimitar é mesmo o futebol. Esportes, mas o futebol em primeiríssimo lugar. Adora o futebol brasileiro. Me confidenciou que muitas vezes queria voltar ao Brasil. Que não queria de jeito nenhum ter saído do Brasil!! Naquela época, ele tinha que servir o exército, durante dois anos! Taí um dos brasileiros de alma e coração! Talvez mais que muitos de nós por aqui ...

Seguem algumas fotos:







Até a próxima!!