sábado, 17 de agosto de 2019

XADREZ TERAPÊUTICO







O Jogo de Xadrez (JX) se tornou uma ferramenta para além do lazer e esporte. Suas aplicações com crianças especiais ou com dificuldades de aprendizagem, terapia e reabilitação cognitiva para dependentes químicos ou portadores de esquizofrenia, idosos e mesmo adultos que querem prevenção da perda cognitiva, têm sido utilizadas em maior ou menor escala, com resultados favoráveis.
O professor-terapeuta utiliza o JX de modo a conduzir um trabalho específico voltado a beneficiar disfunções de seus “alunos-pacientes”, questionando jogadas impulsivas, perguntando sobre correlações com momentos da vida, buscando a realidade de situações presentes. Sendo assim, sabe conciliar as atitudes, movimentos e reflexões que acontecem diante do tabuleiro de xadrez.
Para o dependente químico, compara o lance impulsivo no jogo com a aceitação rápida de uma droga a ele oferecida; para o paciente autista consegue uma comunicação através da interação com os movimentos das peças; para um paciente com transtorno de déficit de atenção propõe desafios de xeque-mate que exigem seu empenho e sua atenção. E assim se utiliza de seus recursos criativos e voltados às especificidades de cada aluno-paciente através do JX.
Os alunos-pacientes que vem para consulta esperam por resultados. As provas que o terapeuta pode fornecer são qualitativas, pois os próprios familiares, e até mesmo o aluno-paciente, podem avaliar por si mesmos.
O aluno-paciente que recebe a intervenção para o seu tratamento, faz associações do xadrez com a vida. Por exemplo, o paciente dependente químico associa o lance executado no tabuleiro, de forma impulsiva, com o aceite imediato da oferta da droga da qual ele procurava se afastar. Se tivesse observado, analisado e calculado as consequências de seu lance no tabuleiro, poderia ter evitado a perda da sua Dama? Esta associação entre o JX e a vida cotidiana passa a fazer parte dos pensamentos do sujeito. Simetricamente, o sujeito pode recusar este pensamento, se aproximando de outras associações e de outros estímulos que lhe são mais importantes. O contexto das situações liga associações muitas vezes inesperadas.
As provas sobre os benefícios da prática do JX como terapia provém dos artigos científicos e de resultados com pacientes que já estiveram em tratamento.
Nos próximos posts relataremos as intervenções realizadas durante as aulas de xadrez.