Amigos,
A discalculia, bem
simploriamente, é a dificuldade com a matemática. A discalculia pura, sem
outros distúrbios (como a dislexia), afeta entre 0,5 a 2% da população mundial
segundo pesquisas dos neurocientistas do assunto. Acompanhada de outras dificuldades
pode chegar a 6%!!
No milenar jogo de Xadrez
temos uma atividade lúdica que envolve diversas áreas do cérebro: memória (lobo
temporal dominante, hipocampo, neo córtex), funções executivas (lóbos frontais)
pensamento lógico-matemático, atenção e imaginação; e também codificação e
registro de problemas (lobo frontal esquerdo) e evocação (lobo frontal
esquerdo).
Sua relevante importância
pedagógica envolve a sociabilização, memória, raciocínio e auto-estima.
Os jogadores de xadrez estão
constantemente analisando, criando estratégias, questionando, enfrentando outros
pontos de vista que fazem compreender seus limites, portanto tornando-se
flexível e compreendendo a reversibilidade de posturas e pensamentos.
Durante uma partida de xadrez
os jogadores enfrentam constantes desafios lógico-matemáticos, como os de comparação
de quantidades, cálculos de jogadas, análise e memória, tudo isso de forma
simbólica, pois o que se está manipulando são apenas símbolos.
Eu tenho dado
muitas aulas de xadrez observando os alunos, na sua capacidade de calcular, no
que se refere às trocas de peças (aritmética - capturas), nas questões
geométricas (diagonais, horizontais, verticais, coordenadas), álgebra (as figuras
representam valores relativos). A visão espacial, observar todo o tabuleiro, a
lógica, a abstração, tudo isso faz parte de se jogar xadrez.
A atividade
lúdica do jogo, portanto, faz com que sejam praticadas todas estas disciplinas,
juntas, sem que o aluno perceba. Os resultados começam a aparecer após alguns
meses de exercícios constantes. Exercícios como xeque-mate em um lance, de
tática, de xadrez reverso dentre outros, além é claro da partida em si, são
todos mecanismos ótimos e as intervenções do professor conduzem a aprendizagem.
Neurologicamente,
seria treinar novas vias cerebrais, fortalecer sinapses, para, pelo menos,
atenuar essa dificuldade.
Eu lembro de uma
aluninha que tinha uma dificuldade enorme com a lógica, o cálculo simples
(tipo, três mais quatro). Após algumas aulas, começamos a usar como tabuleiro, o
piso do Clube de Xadrez de Curitiba e caminhamos pelas diagonais, usamos o
corpo como se fossemos peças. Após um tempo, percebi que ela havia melhorado.
Ela começou a ter maior apoio da escola, também.
O importante foi
que eu percebi, através do xadrez, que ela possuía aquela dificuldade e
começamos a fazer um trabalho mais específico.